Neste dia da Criança, eu revisito as emoções que me levaram a escrever:
Conto do último curumim
Ao longo da história,ao longo da estrada,
numa taba já vazia e já senil,
são séculos, são sonhos depois...
que descobriram essa terra tão gentil...
que nos impediram de dizer não!...
e, no meio da selva seca,
vive uns restos de nação!
Sob um céu de grafite, que antes era cor de anil,
pula o tecnofunk, dança o eletroforró,
ainda que seja só,
toma coca-cola e, diz: ies ai du!...
e joga até o beisebol com belzebu
e joga até o beisebol com belzebu
e, nos sinais, também joga os malabares,
só para ganhar uns dólares,
só para ganhar uns dólares,
e, janta o cheeseburguer,
na carrocinha da aldeia,
na carrocinha da aldeia,
se embriaga,com a turma do barril,
e injeta alegria na veia...
Mas morre de fome, de tifo e de dengue,
e, com a barriga cheia do que nunca viu,
um certo menino índio
de um certo brasil.
de um certo brasil.
A aula de hoje
Eles&elas vieram outra vez
de brinco ou de brinquedo...
de bermudas de qualquer cor jeans...
querendo repartir o segredo
Eles&elas vêm sempre...
Eles&elas nos olham sempre,
Eles&elas nos olham sempre,
com aquele jeito de indagar...
de assuntar...
de assuntar...
Eles&;elas sabem que fingimos...
que não sabemos o que responder,
nem o que achar e/ou que esconder!
Eles e&;elas vêm sempre
e virão outra vez,
e virão outra vez,
neste e no próximo mês...
mais querendo carinho
do que um conceito A,
do que um conceito A,
mais querendo algo novinho
do que velho beabá!...
do que velho beabá!...
Então... Aê...
Podemos fazer a chamada
Podemos fazer a chamada
e mentir qualquer história
do era uma vez e/ou do Brasil...
do era uma vez e/ou do Brasil...
Ou levá-los(as)...
Laah pra fora...
Laah pra fora...
e viajar com eles&elas
neste céu cor de anil,
neste céu cor de anil,
pro planeta-novidade
onde dona mentira já perdeu de
1000 X 0,
1000 X 0,
pra heróis de verdade,
que lecionam a Liberdade
que lecionam a Liberdade
para esta gente varonil...
Vida longa para Juan&Aylan
( um morto na Baixada e, o outro na Turquia)
Juan&Aylan: não vos trago lágrimas...
vos trago clamores...
se naquele dia, mais alguém clamasse,
não terias levado o tiro,
e nem terias tomado o navio,
que vos separou de nós!
Juan&Aylan: não vos trago flores....
vos trago amizade...
se naquele dia, mais alguém vos dedicasse ,
não terias levado o tiro,
e nem terias tomado o navio,
que vos separou de nós!
Juan&Aylan: não vos trago faixas...
vos trago respeito...
se naquele dia, mais alguém te respeitasse,
não terias levado o tiro
e nem terias tomado o navio,
que vos separou de nós!
O que vos trago, Juan&Aylan...
é muito mais do que saudades...
é pela vossa longevidade
em cada criança que se salve
e, que sobreviva nessas cidades!!
Izabel Cristina Dutra - produção original entre 1996 e 2012, reescrito em JF, 12/10/ 2015.