Pois é... Outubro vai passando... ... A chuva vem e passa ... Mas ainda não passaram todas as coisas... Isto me traz à lembrança aquele distante outubro chuvoso. Eu não tava aqui... Eu tava lá naquela cidade ...À beira-mar... E eu trabalhava no Centrão do Rio, naquela área chamada de Castelo, e na hora do almoço, eu ia fazer a sesta na Cinelândia... Mesmo chovendo, eu ficava lá sentada nos bancos daquela praça e eles passavam... Eles? Os alunos... E ele também passava .. .Ele? Os alunos sempre o cumprimentavam assim:
E aê... Velho Mestre?!*...
E o velho mestre passava...
Tateando seus caminhos,
com um velho chapéu de chuva...
Sempre sorrindo... E sempre olhando o céu!...
E o ceuhuh?! Sempre o ceuhuh!...
O céu estava sempre engraçadamente azul!...
E o velho mestre passava, tateando seus direitos,
com um velho jeito de chuva...
Sempre sorrindo... E sempre olhando o céu...
E o ceuhuh?! Sempre o ceuhuh!...
O céu estava sempre engraçadamente azul!...
E o velho mestre passava...
Tateando sua solidão,
com uma velha alma de chuva...
Mas sempre sorrindo... Mas sempre olhando o céu...
Mas e o ceuhuh?! Sempre o ceuhuh!...
O céu estava sempre engraçadamente azul!...
E, os seus ex-alunos passavam de camiseta azul de verão
e discutiam o poder e a educação...
É... Tem chovido bastante por esses anos!...
E o velho mestre tem passado...
E tem tateado a sua velha vida de chuva...
Tem sorrido e olhado muito o céu!
E o ceuhuh?!... Sempre o ceuhuh!...
O céu está estranhamente azul!!...
*-Referência a professor aposentado da rede estadual de ensino do estado do RJ, antigo morador da Cinelândia, nos anos 1980.
Izabel Cristina Dutra – produção original em RJ, 1988 – Reescrito em JF, outubro 2011.