quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Homenagens 22 (ICD)

Então... É Natal!... Não é, John? Não é, Yoko?*...Éééé!... Outra vez?... Ééé!...Tantos dezembros!... Tantas campanhas!... Não é, Betinho?**.. Ééé! O mundo mudou, rodou e se virtualizou... Mas não quem possa negar... Mesmo não sabendo a data certa do nascimento Dele, a gente comemora e entra ano e sai ano, éééé....

...É Natal, outra vez!...

Então é Natal *...outra vez!/Pra mim, pra eles, pra vc.s!/Então é Natal, não é John?/Então é Natal, não é Yoko?/Mesmo pra quem quer muito.../E até pra quem quer pouco!Não interessa pra quem.../Até pra vc. que não crê em Cristo!/Até pra vc. que nem pensa nisto.../Então é Natal,outra vez...Não começa de uma só vez.../Começa no começo de dezembro:Primeiro, vem as chuvas de final de primavera...Depois aqueles dias esquisitos  com cara de acabar.../Acabar a estação, acabar o ano...E se a gente ficar assim a  teimar, /Acabar com o nosso planeta Terra.../Aí vem aquele mês quente mas às vezes friorento.../Ou aquele mês quente ora brisa, ora vento, /ora temporal ora chuva fina.../Depois vem a promoção/ Vem o décimo-segundo e o décimo-terceiro.../Gente madrugando em porta de loja,/Querendo ser o primeiro.../Aí  enfeitamos árvores e acendemos as luzes.../ Das ruas, das casas e do coração.../Aí vem as cantatas.../Meninos de voz inocente cantando aquela canção...Aí vem arrependimento: De ter brigado com a mãe e até  com o vizinho.../De ter estocado comida e presente.../E esquecido daquele pobre menininho.../Então é Natal outra vez, não é gente?/E vamos combinar.../É um tempo diferente!/Então é Natal outra vez...Pra mim, pra eles, pra vc.s!Então, olha pra aquele presépio!Vc.s estão vendo o quê?/Um magnata cheio do ouro e da prata?/Um deputado cheio de propina e poder?/Uma gata blond cheia de charme e de ser?Uma dona cheia de dólar, vaidade e querer?/Não! Maria e José cheios de esperanças.../No menino que vai nascer/Entre bebês ricos e pobres, entre todas as crianças,/É o único que vai vencer o Mundo e a Morte***../Pra mudar dos vivos e  mortos, a sorte..Por Mim, por Eles, Por V.C.!...

*- Referência à Canção de Natal de John Lennon e Yoko Ono (1971) e à versão interpretada por Simone.   
** - Referência ao sociólogo Herbert José de Souza, criador da campanha Natal sem Fome.
***-Referência a João 15:10 a 12,18; 16:33 e 17:20.
Izabel Cristina Dutra- escrito em 07/12/2o11.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Homenagens 21(ICD)

Então ...Aí  chega  novembro... E já começa a se ouvir das comemorações da Semana da Consciência Negra, que agora é lei, aqui em JF. Ainda é pouco diante do longo esquecimento e da exclusão por mais de um século... Quando eu era criança, os familiares adultos usavam a figura de uma parenta para assombrar as crianças: ─ Olha que a  Nêga Véia te pega! Minha mãe tinha mágoa dela e a chamava de nêga preta . Na busca da minha consciência étnica, fui aos poucos descobrindo quem ela era de fato e o que eu herdara dela... Então escrevi e reescrevo agora. Ela?


A minha bisavó materna
 Aquela  negra  era preta! Pretinha mermo! Nêga preta bonita e magricela! 
Mas não dera pra mucama,posto que rasgara o vestido de saco, 
com peito de renda, que a dona da fazenda lhe fizera.
Aquela negra era preta e abusada!
A nêga preta fazia o que negra não podia,dizia o que escrava não dizia 
e a sinhá não queria e sabia o que mulher não sabia... 
E se arguém ralhava, ela ria um riso tonto,doído: 
A nêga preta ria um riso doido, um riso rido mermo
Aquela negra preta  era fujona! 
A nêga preta fugia pelas pinguelas,saias amarradas na cintura, 
coxas pretas mermo à mostra ...livres! 
Não havia quem lhe apanhasse... e se argum se assanhasse: 
Tira os óios, branco safado... que não lhe dei confiança! 
Nas ancas, leva a criança e no coração, a esperança!
 E a nêga preta mermo,abusada mermo...
A nêga preta fujona mermo... vadeava o rio... vadeava a vida... 
vadeava a vida... vadeava o rio!... 
E vadeando... vadeando... lá ia aquela  negra  velha preta, 
abusada e fujona mermo, escapando das sombras escravas da morte,
 entre as sombras escravas da estrada... a caminho do sol, para mudar a sua sorte,
querendo ser um raio de muita  luz!... querendo ser o que era mermo: 
a nêga preta véia livre Maria da Cruz!!!

 Izabel Cristina Dutra, reescrito em JF, 10/11/2011.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Homenagens 2O(ICD)


Pois é... Outubro vai passando... ... A chuva vem e passa ...  Mas ainda não passaram todas as coisas... Isto me traz à lembrança aquele distante outubro chuvoso. Eu não tava aqui... Eu  tava lá naquela cidade ...À beira-mar... E eu trabalhava no  Centrão do Rio, naquela área chamada de Castelo, e na hora do almoço, eu ia fazer a sesta na Cinelândia... Mesmo chovendo, eu ficava lá sentada nos bancos daquela praça e eles passavam... Eles? Os alunos... E ele também passava .. .Ele? Os alunos sempre o cumprimentavam assim:
E aê... Velho Mestre?!*... 
E o velho mestre passava... 
Tateando seus caminhos, 
com um velho chapéu de chuva... 
Sempre sorrindo... E sempre olhando o céu!... 
E o ceuhuh?! Sempre o ceuhuh!... 
O céu  estava sempre engraçadamente azul!... 
E o velho mestre passava, tateando seus direitos, 
com um velho jeito de chuva... 
Sempre sorrindo... E sempre olhando o céu... 
E o ceuhuh?!  Sempre o ceuhuh!...
O céu estava sempre engraçadamente azul!... 
E o velho mestre  passava... 
Tateando sua solidão, 
com uma velha alma de chuva...
Mas sempre sorrindo... Mas sempre olhando o céu...  
 Mas e o ceuhuh?! Sempre o ceuhuh!... 
O céu estava sempre engraçadamente azul!... 
E, os seus  ex-alunos passavam de camiseta azul de verão 
e discutiam o poder e a educação... 
É... Tem chovido bastante por esses anos!... 
E o velho mestre tem passado... 
E tem tateado a sua velha vida de chuva... 
Tem sorrido e olhado muito o céu! 
E o ceuhuh?!... Sempre o  ceuhuh!...
O céu está estranhamente azul!!...
*-Referência a professor aposentado da rede estadual de ensino do estado do RJ, antigo morador da Cinelândia, nos anos 1980.
 Izabel Cristina Dutra – produção original em RJ, 1988 – Reescrito em JF, outubro 2011.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Memórias dos sonhos, das lutas e do pó de giz!

Juiz de Fora,14 de outubro de 2011.
Queridos Amigos(as) e Colegas do Magistério
     Aí setembro acabou... Outubro já chegou. A primavera prossegue com suas florações exuberantes, com suas sinfonias do passaredo local, em virtuose! Chuva boa veio e lavou o que e quem quis ser lavado! Aqui no Vale do Paraibuna, pinga, respinga e aí choveu bem!...  E a TV  tinha gritado rapidinrapidin as promoções pro dia das crianças e só uma chamada mencionou o dia do professor. Aí que choveu mesmo!... 
     Quer dizer, choveu água e choveu lembranças...  Aí então eu escrevi... Nem poemas nem crônicas... Eu iniciei o registro de nossas memórias em forma de cartas: como estou com dificuldades de criar outro blog, eu vou postá-las em cronicasdeumacidadevale.blogspot.com.... Vai lá e se quiser participar, escreve pro meu email e eu te digo como!
Um abraço.
Izabel Cristina Dutra

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Recado de poetisa

Aos queridos amigos seguidores,e aos queridos leitores, um recado eu vou dar:  
Agora eu tenho dois blogs para meus escritos publicar!
Este agora é só de poemas para quem gosta de rimar com sonho, com alegria, com dor,com flor e amor!
O outro é só de crônicas para quem gosta ou detesta a rotina,pois o real cotidiano também gera poesia!
O endereço de é cronicasdeumacidadevale.blogspot.com. Você vai gostar pois enfeitar o dia-a-dia  é mesmo tudo de bom!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Homenagens 19 (ICD)

 Então, setembro chegou e é aniversário de uma grande amiga. Aí...

Prezada Dilma ( a xará): Neste dia, quero te dizer: ♪“Não temos mais o tempo que passou...Mas temos o nosso próprio tempo...” ♪*  e deixar um abraço meu e da Isis. Em tua Homenagem, reescrevi  um poema:

Para Ângela, Bebel, Cristina,Dilma, Fátima...
(e outros brotos dos anos 70)
Éramos 1+2+3+ ... + quantas éramos?
 Éramos mocinhas, morenas, pequenas,  amigas...
Éramos moças marcadas pelo destino com um estigma:
Paralelas e convergentes ao ritual branco,
Para o fruto ingrato e consumido,
Para o trabalho forçado pela necessidade,
em nossa árdua juventude...
E, no ponto final, aceitar a marca,
 para se proibir e  pra ser só mulher
e a felicidade?!...
Umas casaram,tiveram  filhos mas não foram felizes,
 outras não casaram e tiveram  filhos e  muitas cicatrizes...
Teve uma que não casou não teve filhos mas teve muita gente pra cuidar,
teve mais uma outra que não  casou, mas teve 1 filha
e tinha mania de escrevinhar...
E teve outras tantas com tantas marcas,
com tantas vidas, com tantas filhos e filhas,
com tanta luta pra se enfrentar...
Éramos 1+2+3...+ quantas éramos? 
O mesmo tanto de sonho, o mesmo tanto de luta,
o mesmo tanto de céu para se alcançar!
Paralelas e  convergentes
para a festa de estar viva,
 para a  colheita bendita,
para o cuidado e para a  lida...
E no ponto final, recusar a marca
e não se proibir de ser mulher,
de ser feliz e de se cuidar!!!

Izabel Cristina Dutra - produção original: RJ, 1979.
* Referência a "Tempo Perdido", de Renato Russo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Homenagens 15 (ICD)

 Agosto vai chegando ao fim... Até que enfim“ Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos”*, ela virá com certeza! Ela? Sim, Ela:

A minha Prima...Vera!

Aí vem ela!  a minha Prima... Vera! Cheia de Vida!

Flores, estrelas e borboletas, uma festa nos  cabelos! 

Natureba, cheia de zelos.

A minha Prima...Vera sabe que  tempos são chegados

 e que  estão bem  mudados,

Tudo estrambelhado!

 Mas ela é fresca...como esta brisa . 

A minha Prima Vera dança e canta 

com os passarinhos, mesmo  os que não têm ninhos...

E apesar do aquecimento e  do descongelamento,

com eles faz planos, tem sonhos de frutificação

e de se casar com o meu primo, o Verão!

* referência a  verso da canção "Sol de Primavera", Beto Guedes
Izabel Cristina Dutra, reescrito em JF, 24/08/2011.

sábado, 20 de agosto de 2011

Poemas de Amor e Desamor 7 (ICD)

Aí eu tava lá, na sala, esperando para assistir o jornal da tarde de hoje, e a Mariana anunciou a condenação,  a 15 anos de prisão, do borracheiro que matou a cabeleireira. ─ É pouco, muito pouco! – gritou alguém na vizinhança... Então eu re-escrevi:
NA BOCA DA CIDADE...

Na boca da cidade, o nome dela - um nome já sem dona, frio!... 
Na boca da cidade, o salão dela -  um  salão já sem vida,vazio!... 
Na boca da cidade, o amor dele - um amor já sem riso, em desatino! ... 
Na boca cidade,o ódio dele - um ódio já sem motivo, em desafio!...
No céu da boca da cidade - ecoam os tiros dele, os gritos delas... 
No céu da boca da cidade - sol e lua se esquecem e estrelas estremecem... 
Na boca da cidade, só se proclama -  é pouco, prisão perpétua pra este louco! 
No céu da boca da cidade -   crianças sonham e, um anjo clama: 
Oh! Deus! Porque carecemos ainda destes dramas?

Izabel Cristina Dutra, produção original: Rio,1989. Reescrito em 20/08/2011.

sábado, 6 de agosto de 2011

Homenagens 18 (ICD)

Aí todos os noticiários falavam  da morte dele há um ano, mas a moça do banco da frente ouvia no seu smartphone, uma canção antiga : ♪one day in your life...♪. Então eu reescrevi um certo poema de minha  juventude:

 Doces pássaros feridos

♪Te  I love you, Billie…♪♪...Nunca te vi, nem ao vivo nem a cores!Só te ouvi vozes depois, e mesmo assim não entendi  porque o branco perfume de orquídea viera junto com teu doce canto negro,numa certa manhã branca, num certo inverno incolor de uma certa juventude...♪ 
Mesmo assim te amarei forever...♪
♪Te I love you, Marvin...♪♪...Umas vezes te vi não ao vivo mas a cores e te ouvi várias vozes,mesmo assim não pressenti que o vigor que me agitava  viera junto com o  teu alegre canto negro, em certas tardes  cinzas de uma prima-vera incolor de uma certa  juventude....♪♪
Mesmo assim te amarei forever...♪ 
♪Te I love you, Michael...♪♪...Sempre te vi não ao vivo e com tantas cores,e sempre te ouvi e vivi tantas vozes,ainda assim te curti sem saber do meu sorriso  que viera junto com  teu dançante canto negro,em certas noites cinzas,de um verão incolor de uma certa juventude....♪♪...
 Mesmo assim te amarei  forever...♪
♪ Te I Love you, Tim...♪♪...Muitas vezes te vi  ao vivo e a cores e sempre te ouvi e vivi várias vozes,e assim me surpreendi com a pressa do meu coração que viera junto com o teu ora indignado ora enamorado canto negro...em certas dias agitados de uma certa juventude...♪
 E assim te amarei  forever...♪
♪ Steve sempre te vendo e  te ouvindo...♪...Cartola, Wilson,Marley, Jorge,Ray, Whitney, Mariah e outras  wonderffuls  gentes canoras…
Mas compreendi enfim que a tristeza viera sempre junto com teus doces trinados negros, desde que fomos feridos, no ninho....♪
♪Então vos amarei para sempre♪♪...
Porque orquídeas e rosas falarão♪♪...mesmo se enfim terminar o verão, e voltar aquele triste outono e este longo inverno chegar e passar, juntos nós vamos estar...
♪♪...porque é primaveeeera...♪♪...
na terra e no céu, na estação de rádio, quando eu  te amuuuhhh!..
♪♪♪♪♪♪♪♪

       Izabel Cristina Dutra, produção original: JF/1979.





terça-feira, 2 de agosto de 2011

Homenagens 17 (ICD)

Falando de árvores que sobrevivem, muitas foram as que se perpetuaram na lira dos poetas:  cajueiro, amendoeira, pé de laranja lima, figueira, cedro-do-líbano, jequitibá e cerejeiras... Apresento a minha árvore!


A Dona Mangueira
Enquanto me mofava toda,
 eis que rejuvenescida estavas,
 velha árvore de sempre, 
como uma senhora de cabelos retocados... 
Agora quando o sol finge brilhar, 
de novo sem graça e frio... 
eis que teu verde me renova, 
velha parceira das madrugadas vigilantes, 
primeira pessoa avistada 
nas manhãs renascentes ! 
Tu me reafirmavas, divina criatura, 
com a cascorenta segurança de teu tronco,
 vestido agora em transparências de musgos, 
em rendas e colares verdes de heras...
Seguiremos  ainda juntas,
por muito tempo: 
tu espremida pelo muro mas firme...
 eu espremida pela vida mas firme... 
Seguiremos juntas 
ainda que eu me mude! 

Izabel Cristina Dutra -  produção original: RJ/1987

sábado, 30 de julho de 2011

Homenagens 16 (ICD)


Aí naquele dia, eu estava em frente a um largo, na Tijuca e ouvi o rumor de gente falando que João tinha morrido, misturado com uma canção de Lennon, que um jovem ouvia no toca-fitas do rádio. Aí reescrevi: 



A John and... João!
Tais morto, John?
 De morte matada? Tem mais de anos?
  Esquenta não, John!
 João também tá!... John!
 Tem mais de horas!! 
Tais morto,John?De bala certeira?
 Preocupa não, John!
 João também tá!...John!
 de bala perdida!!
 Tais morto, John? João também tá!
 Tu em N.York e, ele no Borel?
 Liga não, John!
 Há muitos modos de vida e morte,
 entre a terra e o céu!
 Tais morto, John? João também tá!
 Tem mais de anos ou mais de horas, John?
  Mas fique certo, John!
 Horas, dias, anos passarão...
 Mas tuas canções e os gritos dele não !!!

Izabel Cristina Dutra - Produção original: 1983.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Homenagens 15 (ICD)

 Aí eu estava lendo as manchetes na Internet, aí tava lá: “Juan foi morto por 'eles' e sem confronto"! Uma indignação tomou conta de mim e reescrevi um poema de 1982:
Vida longa para Juan 
( o menino morto na Baixada)

Juan, não te trago lágrimas...
 te trago clamores...
se naquele dia, mais alguém clamasse, 
não terias levado o tiro que te separou de nós! 
Juan,  não te trago flores....
 te trago respeito...
 se naquele dia, mais alguém te respeitasse,
 não terias levado o tiro que te separou de nós! 
Juan, não te trago faixas...
te trago a amizade... 
se naquele dia,  mais alguém te dedicasse,
não terias levado o tiro que te separou de nós! 
O que te trago, Juan... 
é muito mais do que saudades...
é pela tua longevidade 
em cada criança que se salve 
e que sobreviva nessas cidades!!

Izabel Cristina Dutra, reescrito em 20/07/2011.

terça-feira, 19 de julho de 2011

sinais da guerra e da Paz 12 (ICD)

Aí era o pôr do sol e a primeira estrela despontou... Eu ouvia uma canção de Marvin Gaye e me lembrei de um programa de fim de tarde numa rádio do Rio e do seu DJ... Aí eu sentei e reescrevi um poema meu, dos anos 70...
Pra que invadirmos as estrelas?!

"Hello crazy people!"”*¹
 Até as estrelas querem dormir em paz!!! 
 Por que não caminharmos um pouco mais?... 
Sob o sol da manhã e manhosamente  nos aquecermos 
e no tempo e no espaço,nos esquecermos? 
Por favor, gente!O brilho de holofotes a laser
 não bastam o bastante para viver!
 É preciso o brilho brilhandinho dos vagalumes 
e é preciso a diamantina luz de uma gota de orvalho! 
Pra que invadirmos as estrelas? 
Para que perdemos estas manhas de sol
 e este poente quarto crescente, no arrebol?

 "Hello crazy people!"*¹
Quando a noite vier de brilhos,toda cravejada.... 
Por que não  perdermos o medo 
e deitarmos na relva da praça
 e contá-las, com graça
 pra  ganharmos verrugas
 na ponta do dedo? 

"Hello crazy people!"”*¹
♪ Deixa as estrelinhas brilhar bem sossegadas!♪

Izabel Cristina Dutra - reescrito em 19/07/ 2011.
*¹  Esta frase é de autoria do DJ Big Boy, da Rádio Mundial, do Rio de Janeiro, nos anos 60 e 70.

domingo, 17 de julho de 2011

Homenagens 14(ICD)

Aí... eu estava vendo tevê.... E vi e ouvi... Era 16 de julho e já ia fazer mais um ano que a árvore sobreviveu e seus amores não, naquele acidente de avião! Então eu a vi de novo e outra vez ouvi, porque estavam ainda chorando e estavam lutando. E aí... assim escrevi:
Ao que sobrevive
Aí... estavas lá...
marco do que restou,
naquele céu e naquele chão!
Teus braços fortes e verdes
 alegam a força de tuas raízes
e alcançam meu coração! 
Aí...  permanecestes lá...
 testemunha silenciosa do fim,
naquele feérico fim de  dia,
em que perderam seus amores... 
e só restou você 
e essa lenta agonia,
e esses  farrapos e essas dores 
que dói neles, em ti e em mim 
Aí... ainda estás lá... 
que tua seiva possa refrescar 
esses doloridos corações...
e tuas flores possam estar 
plenas das divinas consolações!
Aí... ainda ficarás lá...
para sempre...
e se tiveres espinhos,
que seja para incomodar 
e seja para reclamar 
pelos que ficaram sozinhos,
mas ainda querem lembrar,
ainda querem lutar
para que ninguém mais 
assim pereça... 
e a impunidade dos ímpios 
não prevaleça!

Izabel Cristina Dutra - JF/ Julho de 2011.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poemas de Amor e desamor 5 (ICD)

Aí... nós estávamos conversando sobre uma estranha troca de uma jovem recémcasada e fui para um cantinho e escrevi:
Da bela e da vela
Ainda há belas que teimam   
em  deixar-se às janelas, 
mostrando  as finas veias
 e as tranças.
Ainda há belas que teimam 
em ir às fontes ou aos mercados,
vender os claros olhos...

Ainda há feras 
que compram as princesas, 
dos moleiros,

e as levam para os castelos 

para sempre...

chorosas e casadas...

Oh! parceiros, escutem

 pois o resto é lenda... 

Em certa terceira noite... 

a bela acende a vela:

que monstruosidade...

ele é  um príncipe...

inda é belo e  é forte...

Não se lamenta, 

nem vai aos mares, nem  aos montes

dos ventos  uivantes.

Só acorda e se apaixona 

pelo anão feio e torto,

que era o bobo da corte!



      Izabel Cristina Dutra - produção original:  JF/ 1994.




quinta-feira, 7 de julho de 2011

Homenagens 13 (ICD)

Aí eu estava esperando para assistir ao jornal, aí a Fátima fez a chamada; “Aconteceu outra vez...”   Aí eu reescrevi aquele poema que fiz, num dia, em que meu olhar se cruzou com uma senhora pela janela do ônibus:
Uma  outra prenda de maio
Nossos olhos de mãe largados 
assim se encontram 
pela janela do coletivo,
nossas almas de mãe cansadas 
se encontram pela tela da tevê...
Colhes meu olhar abandonado,
colho teu olhar abandonado,
colhemos o olhar dela abandonado...
mas ninguém vê...
Nosso pranto rola silencioso 
e cansado de tanto recolher
 nossos bebês abandonados...
lançados  pelas janelas luxuosas,
infectados pelo mosquito danado,
atingidos pelas balas achadas e perdidas,
estilhaçados pela bomba do ódio,
marcados pelas mãos do vício e do  ócio,
esmagados pela lixeira ao lado,
congelados nos córregos de outro bairro...
Hei!  “Acorda,menina”!“Desperta coração”! *¹
que ainda é tempode subir 
a escadaria ou o escadão,
e antes de limpar o fogão,
 enquanto liga a tevê
e assiste ao jornal,
 pra espantar este mal,
você vai tricotar  aquele casaquinho
pra  neste inverno que chega
oferecer para aquele bebê 
daquela mãe
– aquele que se salvou – 
porque ela, igual a você
 nunca largou, nunca abandonou
 nesse ou em outro maio... sempre cuidou!

Izabel Cristina Dutra, produção original: JF/2008.
*¹ Estas frases são respectivamente da apresentadora Ana Maria Braga e de um D.J. de rádio comunitária.