sábado, 26 de abril de 2014

Homenagens 2014

Aí, em 2011, eu estava lendo as manchetes na Internet, aí tava lá: “Juan foi morto por PM.s e sem confronto” Uma indignação tomou conta de mim e reescrevi um poema de 1982. Mas aí eu tava vendo T.V  e, de novo, vejo mais uma vítima dessa  tal pacificação do RJ, que eu  mal  entendo, eu reescrevo:

Vida longa para Juan , o menino morto na Baixada... 

(... E para Amarildo...E para  Claudia... E para Douglas... E  para outras vítimas da tal  pacificação dessas cidades!)
Juan, não te trago as lágrimas... 
Te trago clamores...
Se naquele dia, mais alguém clamasse, 
Não terias levado o tiro que te separou de nós! 
Amarildo,  não te trago flores.... 
Te trago o  respeito... 
Se naquele dia mais alguém te respeitasse,  
Não terias sido torturado 
E nem  levado o tiro que te separou de nós! 
Claudia, não te trago coroas... 
Te trago a amizade... 
Se naquele dia,  mais alguém a ti se dedicasse, 
Não terias levado o tiro 
E nem terias sido arrastada pra te separar  de nós! 
O que te trago,  Douglas...
É muito mais do que saudades...
É a indignação - a ira dos anjos...
É por  tua longevidade
Em cada gente que se salve 
E que sobreviva 
Ao abuso da autoridade, nessas cidades!!!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Revisitando a Poesia I.




















Então, neste 10º dia deste 4º mês deste 2014º Ano da Graça Celestial mas também de um ano totalmente do depois in terras tupiniquins, eu revisitei um poema de 1977:
Pequeno Anunciante

Eis que chega Abril!
E logo no dia primeiro,
 se a mentira passou,
esta gente apressada não viu e nem sentiu,
com olhar impreciso,embaçado
já nas tardes passadas, perdidas,
entre cifras e falsas verdades contabilizadas.
Ah! As chuvas de abril!
Os gritos de abril:
Olha a enchente aí, gente!...
Ah! Pelas narinas, os cheiros de abril:
goiabas temporãs, perfumosas mexericas,
dois cruzeiros a dúzia...
E olha que valem mais que mil!
Ah! Pelos olhos, as cores de abril:
meninos de uniforme ainda cor de anil,
quaresmeiras floridas, violetas antecipadas,
roxas, de uma brisa gentil...
Ah! Pelos ouvidos, as vozes de abril,
as rezas de abril: o “tende piedade de nós”
repetido , na procissão da Paixão...
Aí, vai passando o Abril...
Na segunda quinzena, 
já se tem novena
 e advinha...
 Um sino de maio chamando os anjos terrenos
para o ensaio da coroação...
Um frio de junho , chamando jovem apaixonado
para  dar presente e ver balão...
Umas férias de julho, para menino fazer arte,
plantar bananeira e lamber sabão!
e muitas almas arrripiadinhas,
E agarradinhas na sessão das cinco!
Eta tempinho bããão!...

Izabel Cristina Dutra.                      JF,l977.

Publicado no livro "Das Almas de Minas" - Juiz de Fora /MG: Funalfa/Lei  Municipal de Incentivo à Cultura Murilo Mendes,2012.