Ai eu estava naquela ponte e uma senhora falava maravilhas dos rios da Europa enquanto jogava uma bolinha de papel e chicletes, no nosso rio. Eu me indignei mas como não deu tempo de falar, eu escrevi:
Conto de todos os rios
Conto de todos os rios
Eu nunca vi o Reno
nem o Hudson...
─ Vi o Paraibuna!
Sinto... é rio!
so(r) rio:
tem barca, barquinho, barcão
criança, pescador, canção
Eu nunca vi o Ganges
nem o Yang-tseu-kian
─ Vi o Paraibuna!
Sinto... é rio!
Não rio...
Na TV, quem vê – ouviu:
tem notícias e espumas letais,
corpos esgotados, lixos mortais,
sem peixes nem verdes,
nada mais!...
Talvez...só uma vez...
vi o Yang-tseu-kian
e vi o Hudson e o Ganges...
e vi o Reno...
foi no Paraibuna! ...
Sinto... ainda é rio!
Só, na correnteza,
tão forte como a morte,
tem flor...
tão frágil como a vida...
Olhos são meninas correndo,
colhendo, oferecendo...
Penhor eterno, divino!
tanto como o Yang-tseu-kian
o Hudson e o Ganges...
e como o Reno...
Muito mais o Paraibuna!...
Izabel Cristina Dutra/JF ,2001.
Izabel Cristina Dutra/JF ,2001.
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