terça-feira, 28 de junho de 2011

Homenagens 10 (ICD)


Aí, naquela época, eu tomava o ônibus na Usina para o Rio Comprido, no RJ e a gente sempre puxava conversa e fazia uma rodinha para falar dos nossos direitos e ele ria e ria...Outro dia eu vi a margarida varrendo as ruas do centro e ela se ria que nem ele e eu reescrevi:
Poema pro velho trocador


Quando cê ri, matuto (a)...
dá gana de perguntar:
Cê sabe?
Por que cê veio arrastar arados 
mais pesados?
Quando cê ri, maluco (a)...
Cê sabe?
Por que cê veio calejar mais 
nossos dedos catuvelados?
Bem se sabe!...
Os príncipes da terra roubaram 
o nosso “jus naturale”
também os doutores da lei,
também os poetas do amor...
Quando cê ri, malandro (a)...
Por que agora 
reles pau d’água?
Se  outr’oras 
  eras madeira de lei? 
Bem se sabe...
Mal suportamos
o estrangeiramento de seus filhos...
das lendas deles... 
dos meus versos...
dos nossos dias!
Quando cê ri, maroto (a)...
dá gana de perguntar...
Cê sabe?
que nós somos os mais fortes,
a melhor  parte 
destas estranhas enxertias?!


Izabel Cristina Dutra -  produção original:Rj, 1987.


Nenhum comentário:

Postar um comentário