Aí, naquela época, eu tomava o ônibus na Usina para o Rio Comprido, no RJ e a gente sempre puxava conversa e fazia uma rodinha para falar dos nossos direitos e ele ria e ria...Outro dia eu vi a margarida varrendo as ruas do centro e ela se ria que nem ele e eu reescrevi:
Poema pro velho trocador
Poema pro velho trocador
Quando cê ri, matuto (a)...
dá gana de perguntar:
Cê sabe?
Por que cê veio arrastar arados
mais pesados?
Quando cê ri, maluco (a)...
Cê sabe?
Por que cê veio calejar mais nossos dedos catuvelados?
Bem se sabe!...
Os príncipes da terra roubaram
o nosso “jus naturale”
também os doutores da lei,
também os poetas do amor...
Quando cê ri, malandro (a)...
Por que agora
reles pau d’água?
Se outr’oras
eras madeira de lei?
Bem se sabe...
Mal suportamos
o estrangeiramento de seus filhos...
das lendas deles...
dos meus versos...
dos nossos dias!
Quando cê ri, maroto (a)...
dá gana de perguntar...
Cê sabe?
que nós somos os mais fortes,
a melhor parte
destas estranhas enxertias?!
Izabel Cristina Dutra - produção original:Rj, 1987.
Izabel Cristina Dutra - produção original:Rj, 1987.
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